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AFEBRE

O projeto “De feira de muares a Revolução Industrial” é acima de tudo um resgate da história de Sorocaba partindo-se de um momento muito particular – o episódio da Febre Amarela, ocorrido em 1897 a 1900. Sendo que o ano de 1897 marca também o final de um ciclo econômico iniciado em 1750, que eram as Feiras de Muares. Para ser ter uma medida mais precisa da importância dessas feiras anuais para Sorocaba e conseqüentemente para o país todo, basta dizer que todo o transporte interno  de mercadorias de uma região à outra era feito através de muares, que transportavam desde o ouro que era levado para o litoral e dali para Portugal, até alimentos, tecidos para todas as regiões do país. Tudo enfim, dependia dos muares. O muar era o carro daquela época, logo, sem ele a economia não girava e Sorocaba era o centro que comercializava os muares para todo o país. Durante os meses de abril, maio e junho a população da cidade se multiplicava. O Tropeirismo e a Comercialização de Muares foi por muito tempo a base de nossa economia. E este denominador só começou a ser alterado com o surgimento da estrada de ferro que foi  pouco a pouco estendendo sua malha por todas as regiões do território nacional, tornando o transporte de cargas mais rápido, mais eficiente e mais barato. Mas o tiro de misericórdia desse processo viria a ocorrer em plena Feira de Muares de 1897 e também a última ocorrida aqui. – A Febre Amarela. A febre surgiu em Sorocaba em 1897, até bastante tarde em relação às cidades vizinhas que já tinham sofrido com a epidemia em anos anteriores. Principalmente considerando a grande afluência de pessoas que até aqui chegavam anualmente. A peste assustou e matou sobretudo estrangeiros e europeus residentes na cidade. Sorocaba àquela época tinha uma colônia alemã expressiva. Permaneceu de forma endêmica até o final de 1899 quando recrudesceu sua investida contra a cidade.

 A virada para o século XX foi sob o signo do medo e da incerteza. O Projeto portanto aborda esse período tão delicado e dolorido de transição econômica gerado pelo fim das feiras e início da industrialização, processo este que já vinha se implantando nos últimos anos do século XIX. Dentro desse período que Sorocaba esteve sob o jugo da Febre Amarela é que se desenvolve o projeto, abordando ainda algumas especificidades deste local chamado Terra Rasgada. Sorocaba foi a primeira cidade brasileira a erradicar a Febre Amarela, antes mesmo do Rio de Janeiro, então a Capital Federal da República. Aqui desembarcou Emílio Ribas e sua equipe de médicos e sanitaristas que provaram para espanto de todos, que a Febre Amarela não era causada por um vírus e sim, transmitida por um mosquito, o AEDES EGYPTI ,o mesmo que ainda hoje nos revisita propagando a dengue. Calcado no estudo e pesquisa sobre a história de Sorocaba na virada para o século XX é que foi criada e desenvolvida a dramaturgia do espetáculo “ A FEBRE “, que tem um pouco de Comédia de  Costumes, sobretudo quando aborda o dia a dia de uma cidade sem esgoto e água encanada. Tragédia, melodrama,tudo traduzido para um universo de Teatro de Rua. E assim, como artistas estamos resgatando outra forma do fazer teatral que é o TEATRO DE RUA

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